A fim de resolver problemas sociais ou ambientais, o empreendedorismo social procura criar impacto positivo ao mesmo tempo em que se busca sustentabilidade financeira. Nesse sentido, diferente do empreendedorismo tradicional, em que a empresa foca principalmente no lucro, o empreendedorismo social tem como principal objetivo a geração de valor social, sendo o lucro um meio de ampliar esse impacto.
No Brasil, o número de empresas voltadas para questões socioambientais vem crescendo. De acordo com o Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental, realizados pela Pipe.Social e pelo Quintessa, que é feito a cada dois anos desde 2017, a maior parte das empresas (58%) tem sede na região Sudeste. No entanto, o impacto gerado por elas está presente em âmbito nacional. A atuação destas empresas é de 58% no Sudeste; 37% no Nordeste; 37% no Sul; 30% no Centro-Oeste; e 28% no Norte. A última edição do estudo ouviu 1.011 negócios de impacto e mais de 11 mil empreendedores.
Tecnologias aplicadas em negócios socioambientais
Ainda de acordo com o Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental, as tecnologias mais utilizadas nas empresas voltadas a questões socioambientais são:
- Big Data – 23%;
- Inteligência Artificial – 22%;
- Geolocalização – 17%;
- Machine Learning – 15%;
- Chatbot – 14%;
- Biotech – 13%;
- Internet das Coisas – 12%;
- Energias Renováveis – 11%.
Essas tecnologias, por sua vez, são utilizadas para enfrentar desafios complexos e melhorar a sociedade de alguma forma. Isso pode envolver questões como educação – proporcionando acesso a educação de qualidade para populações marginalizadas; saúde – com soluções que ajudam a melhorar o acesso a cuidados médicos, saneamento ou nutrição; inclusão social e econômica – com iniciativas que promovem igualdade de gênero, racial ou inclusão de grupos marginalizados no mercado de trabalho; meio ambiente – empreendimentos que buscam reduzir a degradação ambiental e promover práticas sustentáveis; entre outras frentes.
Desafios do empreendedorismo social
O empreendedorismo social está ganhando força à medida que mais pessoas e organizações buscam equilibrar lucro e propósito. No entanto, o segmento ainda apresenta grandes desafios. A sustentabilidade financeira, ou seja, manter o equilíbrio entre o impacto social e a viabilidade financeira, é, sem dúvidas, o maior gargalo para os empreendedores. Afinal, muitas vezes, o retorno financeiro não é tão imediato como no empreendedorismo tradicional.
Além disso, fazer o negócio ser escalável, para que ele expanda seu impacto na sociedade, é uma tarefa difícil, especialmente se o modelo de negócio depender de recursos limitados ou de mão de obra intensiva. Ainda, avaliar e mensurar o impacto social de maneira objetiva é desafiador, visto que envolve indicadores que podem ser difíceis de quantificar.
Por fim, é importante reforçar que, embora o foco seja social, esses empreendedores ainda precisam de modelos de negócio viáveis. O lucro não é o objetivo final, mas sim uma ferramenta para garantir a continuidade e escalabilidade do impacto social. Nesse sentido, modelos de negócios híbridos, que unem o impacto social à sustentabilidade financeira, estão sendo vistos como o caminho para resolver os problemas globais mais urgentes de forma inovadora e eficaz.
InovAtiva de Impacto Socioambiental
A fim de potencializar ainda mais o empreendedorismo de impacto, o InovAtiva de Impacto Socioambiental é uma vertente diferenciada do InovAtiva Brasil, voltada para o tema impacto social e ambiental. Desde 2016, mais de 2.100 startups se inscreveram no programa e 594 participaram dele efetivamente. Ao final, foram aceleradas 439 startups de Impacto. Semestralmente, são selecionadas 80 startups com potencial para geração ou que tenham em sua constituição o impacto social ou ambiental como foco. As startups selecionadas fazem cursos, recebem mentoria especializada e, destas, 40 se apresentam para uma banca de investidores e representantes de aceleradoras e de outras instituições ligadas ao tema.
O programa é gratuito e direcionado para empresas inovadoras, de base tecnológica, que têm como missão gerar impacto social e/ou ambiental positivo. Nesse sentido, a iniciativa oferece capacitação, conexão e mentoria às startups que tenham o objetivo de gerar impacto socioambiental e resultado financeiro positivo de forma sustentável. São selecionados projetos que estejam na fase de validação, operação ou tração, com atuação caracterizada pela inovação aplicada a modelo de negócios ou a produtos, processos ou serviços ofertados. Além disso, o programa busca por startups com modelos de negócio que tenham potencial para se tornarem escaláveis, com mercado de tamanho representativo e potencial de crescimento.
Como forma de registrar e avaliar os resultados do programa, foi desenvolvido o Relatório de Impacto 2023, criado em conjunto com um dos coexecutores do InovAtiva, o Impact Hub Brasil. Esse material aborda a metodologia utilizada, os processos de implementação e os resultados obtidos, incluindo o impacto gerado pelas 106 startups aceleradas ao longo de 2023. Esse documento destaca o papel do programa no fortalecimento do ecossistema de inovação de impacto no Brasil, consolidando a importância do apoio a negócios que integram propósito e sustentabilidade financeira para enfrentar desafios sociais e ambientais.
Saiba mais sobre como essas startups estão transformando desafios em soluções de impacto. Acesse o Relatório de Impacto 2023 e descubra os resultados desse ciclo.