Seniortechs: poder de consumo do público abre oportunidades no mercado inovador

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“O mundo está envelhecendo. Mas não adianta só viver mais e ser esquecido. Queremos viver mais, com qualidade de vida e todo o apoio tecnológico que está disponível para as outras faixas etárias”, afirma o empreendedor, mentor de negócios e investidor Fernando Potsch.

O profissional de 65 anos é CEO da GBG Seniortech Ventures, uma Venture Capital focada em um segmento específico: as seniortechs – startups que oferecem soluções ao público sênior. Segundo o Instituto Locomotiva, esse grupo já abrange 54 milhões de consumidores e movimenta R$1,6 milhão por ano no Brasil

No entanto, o volume de soluções focadas para o público maior de 60 anos não é compatível com seu poder de consumo. Potsch defende que estamos em um momento no qual é imprescindível lutar contra o etarismo e o preconceito estrutural em nossa sociedade quanto ao idoso. “Até recentemente, nós achávamos normal quando ouvíamos na fila do banco uma atendente pedir para a cliente idosa retornar ao atendimento com a filha ou filho para que eles pudessem explicar a situação. Hoje, vejo como tal ato é absurdo. Temos que dar conta, nós mesmos, de oferecer um atendimento de qualidade para todos os públicos”, explica. 

O profissional compartilha que tem feito o papel no ambiente de inovação, de evangelizar empreendedores quanto às necessidades de pessoas na terceira idade. “Já perdi a conta de quantas vezes, em mentorias de negócios, eu dei a ideia de oferecer uma adaptação do serviço para o público sênior e o empreendedor não tinha considerado essa demografia”, diz. 

O público sênior e sua adaptabilidade com a tecnologia

A ideia comum de que os idosos não têm interesse em aderir à tecnologia também é profundamente equivocada. Segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), o percentual de pessoas com mais de 60 anos no Brasil navegando na internet cresceu de 68%, em 2018, para 97%, em 2021. 

“Toda e qualquer solução pode e deve ser adaptada para o público sênior. É necessário entender as necessidades dessa persona. Este é um consumidor mais exigente, mas fiel. Ele tem determinadas limitações, mas não deixa de lutar para superá-las e continuar ativo. E nós devemos oferecer produtos e serviços para ele”, afirma Fernando. 

Segundo o profissional, no caso desta persona, é importante que a jornada de compra seja o mais simples possível. “Dois ou três botões, e pronto. Não complica”, brinca. Ademais, não é só de convênio médico que eles vivem. “Nós buscamos qualquer tipo de seniortech para investir. Seja plataforma de relacionamento, esporte, alimentação, turismo ou educação, o público sênior é capaz de absorver todo tipo de solução.”

Em paralelo, a GBG também oferece o serviço de mentorias para empreendedores acima dos 60 anos. “Conhecer o público-alvo e entender suas necessidades é a chave para qualquer empreendimento de sucesso. Esse é o ponto fundamental que o fundador sênior pode trazer à sua organização.”

Case de sucesso de empreendedor sênior InovAtiva

Wlado Teixeira, também mentor InovAtiva, é um exemplo desse tipo de empreendedor que, segundo Fernando, tem sido cada vez mais procurado por investidores. Aos 59, Wlado fundou a Vivere, startup de prestação de serviços de desenvolvimento e gestão completa das operações de crédito imobiliário de bancos, incorporadoras, construtoras e securitizadoras, que vai desde a originação até o final dos pagamentos dos recebedores, incluindo todo o backoffice. Em cinco anos, a startup multiplicou a receita em 37 vezes. Em 2011, o Banco BTG Pactual adquiriu 30% e em 2013 foi vendida para a Accenture, com múltiplo de 30 vezes do valor investido. 

Hoje, Wlado é diretor executivo e membro do conselho da GVAngels, um grupo de investidores-anjo que busca fortalecer o ecossistema de inovação e empreendedorismo no Brasil. “Já se foi o tempo em que pessoas de 50 anos eram consideradas idosas. Daqui para frente, com avanços na área médica, talvez não sejamos idosos com 80. Quem sabe? Precisamos ressignificar nossas concepções e parar de destruir a potencialidade desse grupo de pessoas que existe, consome e tem espaço no mercado de trabalho e também no ecossistema de inovação”, conclui Fernando. 

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